O cinema celebra o poder das palavras 

João Lopes

O Que Podem as Palavras

“Distinguido no Doclisboa de 2022, O Que Podem as Palavras chega agora às salas: Luísa Sequeira e Luísa Marinho realizaram um filme que é, de uma só vez, um retrato do livro Novas Cartas Portuguesas e uma evocação didática de Portugal no começo da década de 1970.”

O cinema celebra o poder das palavras / João Lopes

Excerto do texto do João Lopes no Diário de Notícias sobre, O Que Podem as Palavras, “Luísa Sequeira e Luísa Marinho, elaboram todo o filme a partir de um exercício de memória, que é também um método de investigação,em que o fator primordial acaba por ser, justamente, o conhecimento do contexto histórico em que tudo aconteceu. Nesta perspetiva, O Que Podem as Palavras pode ser
uma contribuição importante para superar uma visão maniqueísta das vivências do pré-25 de abril, visão não poucas vezes favorecida por alguns discursos de esquerda e de direita, em que o nosso passado surge automaticamente descrito como um buraco negro em que, no limite, nem sequer existiram pessoas, apenas noções abstratas de “repressão” e”resistência”. João Lopes /DN

Ler artigo completo em

Diário de Notícias

O QUE PODEM AS PALAVRAS / ESTREIA NACIONAL

O Que Podem as Palavras nas salas de cinema

0 QUE PODEM AS PALAVRAS, de Luísa Sequeira e Luísa Marinho a partir de 9 de Março nos Cinemas.

Mas no dia 8 de março vamos ter uma sessão especial no Trindade ❤️

PORTO

Cinema Trindade (9-15 de Março)

LISBOA

Cinema Nimas (9 de Março)

Cinema City Alvalade (9 a 15 de Março)

Sessão com debate dia 10 de Março

Cinema Fernando Lopes (9 a 15 de Março)

COIMBRA

Casa do Cinema de Coimbra (9 a 15 de Março)

GRÂNDOLA

Cine Granadeiro (9 de Março)

MONTEMOR-O-NOVO

Cineteatro Curvo Semedo (9 de Março)

MAFRA

CASTELO BRANCO

Cineteatro Avenida (14 de Março)

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Rosas de Maio e Novas Cartas Portuguesas

Carolina Rocha e Mia Tomé em Rosa de Maio. Imagem de Luísa Sequeira

O que pode acontecer quando a artista e investigadora Luísa Sequeira se cruza com “Novas Cartas Portuguesas” – obra escrita por Maria Velho da Costa, Maria Isabel Barreno e Maria Teresa Horta e publicada em 1972 – e decide desdobrá-las em investigação e criação? Aconteceu uma peça híbrida e polissémica, que oscila entre o documental e a performance.

Mas não só. Também acontece aqui um resgate. Mais concretamente o resgate de palavras e ações de mulheres que, ao longo dos tempos, viram os seus discursos censurados e apagados por um regime opressivo e patriarcal. In Jornal Económico 827-10-2022)

Gruta / instalação da peça Rosas de Maio

A autora deste “resgate” é Luísa Sequeira, artista investigadora, realizadora e curadora de cinema, que se partilha por diferentes plataformas: vídeo, filme, fotografia e colagem, explorando as fronteiras entre o digital e o analógico. Nos últimos anos, tem-se dedicado à reconstrução das narrativas femininas na história da arte e do cinema, que foram invisibilizadas pelo poder patriarcal. in Jornal Económico (27-10-2022)

Rosas de Maio imagem de Sama

Rosas de Maio na imprensa

Neste sentido, Rosas de Maio é também uma peça de “ questionamento” dos arquivos que existem, como estão preservados, o que contêm e o que omitem.

“Existem arquivos sem áudio, e isso é uma forma de silenciamento de certos discursos”.

“Através destas e de outras figuras, picam-se vários pontos das discussões feministas: o capitalismo e a feminização da pobreza, as lutas de classe, o ecofeminismo e o conhecimento ancestral veiculado por mulheres, o direito ao aborto, as desigualdades no mercado de trabalho e no acesso à produção artística.” Mariana Duarte in Público

“O espectáculo dá particular atenção ao período do pré e do pós-25 de Abril, conectando-o com a censura a perseguição e a intimidação de que Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta Maria Velho da Costa foram alvo, mas também a forma intensa e surpreendente como a luta das “ Três Marias” irradiou lá fora, de França aos Estados Unidos” Mariana Duarte / Público sobre Rosas de Maio de Luísa Sequeira

Luísa Sequeira, imagem Rui Oliveira

“nos últimos anos tem-se focado essencialmente na reconstrução poética das narrativas femininas na história da arte e do cinema invisibilizadas pelo poder patriarcal, as fronteiras entre o digital e o analógico.

transitando entre o vídeo, o filme, a fotografia e a colagem e explorando as fronteiras entre o analógico e o digital”

“De Rosa Luxemburgo, filósofa e economista marxista polaco-alemã, que setornou mundialmente conhecida pela militância revolucionária ligada à Social Democracia da Polónia, a duas mulheres portuguesas presas em Peniche durante a Revolta do Milho, em 1942, são várias as figuras que se tornam protagonistas em palco, pelo corpo de Luísa Sequeira, Carolina Rocha e Mia Tomé. “Na peça reativo diferentes arquivos que estavam na minha cabeça há muito tempo e que agora coloquei em movimento. Interessa-me muito o estado do arquivo, a forma como ele foi cuidado ou preservado ou simplesmente não existe.” Marina Martinho / Observador

Rosas de Maio

Durante 3 dias esteve em cena a peça, Rosas de Maio no Teatro Rivoli. Uma peça instalação 

híbrida na fronteira do teatro e do cinema expandido, uma peça constelação onde é reativado vários fragmentos e arquivos visuais criando hiperconexões entre eles.

Rosas de Maio é um desdobramento de um processo de investigação artística que tenho vindo a desenvolver sobre  Cinema expandido e arquivo. Parte das Novas Cartas Portuguesas, obra seminal escrita por Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta para tecer dramaturgicamente histórias de mulheres que foram silenciadas de diferentes formas pelo sistema opressivo e patriarcal. É uma história sobre bruxas, clausura e a censura de determinados discursos, mas também é uma história de resistência de pensamento e sobre sororidade, sobre lutas feministas.

Luísa Sequeira nos ensaios de Rosa de Maio. foto © josé Caldeira

Luísa Sequeira nos ensaios de Rosa de Maio. foto © josé Caldeira

Tudo isto só foi possível com uma equipa generosa, obrigada ao TEP e ao Gonçalo Amorim pelo convite para escrever e encenar Rosas de Maio.

Foi um processo intenso e gratificante que só foi possível com esta equipa maravilhosa:

Atrizes Carolina Rocha e  Mia Tomé e cenografia e figurinos Catarina Barros

apoio à direção Gonçalo Amorim a Sonoplastia da  Lea Taragona, vídeo de  Luísa Sequeira, desenhos, vídeo mapping da Bianca Turner,  direção de produção Patrícia Gonçalves,

assistente de produção João Vaz Cunha, assistência de cenografia e figurinos Inês Vilas Boas

assessoria de comunicação e imprensa Bruno Moreira, redes sociais Inês Vilas Boas

desenho de luz Nuno Meira, operação do desenho de luz José Alves, Coprodução Teatro Municipal do Porto. 

Agradecimentos:  Ana Luísa Amaral, Marinela Freitas, Maria Teresa Horta, Maria, Isabel Barreno, Maria Velho da Costa, Adelino Gomes, Gilda Grillo, Teresa Leal, Joana Alves, Ana Almeida, Luísa Marinho, Carlos Almeida, Tânia Dinis, António Júlio, Marco Oliveira. Museu do Aljube, Anjos Urbanos.

ROSAS DE MAIO

Rosas de Maio de Luísa Sequeira

Rosas de Maio é uma criação rizomática de um processo de investigação sobre Novas Cartas Portuguesas (1972), obra escrita por Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa. Rosas de Maio parte desta obra seminal para tecer dramaturgicamente um conjunto de novos desdobramentos, criando um espetáculo híbrido e polissémico, um lugar de possibilidades de articular tempos e fragmentos que oscila entre o documental e a performance. É uma peça constelação que coloca em movimento através do cinema expandido a própria materialidade do arquivo, cruzando e resgatando palavras e ações de mulheres que ao longo da história tiveram os seus discursos censurados, rasgados e apagados pelo regime opressivo e patriarcal.

Conceção, texto e direção Luísa Sequeira
Performers e criadoras Luísa Sequeira, Carolina Rocha, Mia Tomé
Cenografia e figurinos Catarina Barros
Apoio à direção Gonçalo Amorim
Desenho de luz Nuno Meira
Operação do desenho de luz José Alves
Sonoplastia Lea Taragona
Vídeo Luísa Sequeira, Bianca Turner
Desenhos e animações Sama
Direção de produção Patrícia Gonçalves
Assistente de produção João Vaz Cunha
Assistência de cenografia e figurinos Inês Vilas Boas
Assessoria de comunicação e imprensa Bruno Moreira
Redes sociais Inês Vilas Boas
Coprodução Teatro Municipal do Porto 
Apoio Anjos Urbanos, Museu do Aljube

CINE CONSTELAÇÃO

Foi muito bom estar presencialmente e ativar alguns dos filmes que fazem parte da minha coleção CINE CONSTELAÇAO na Masc Foundation em Viena de Áustria. São filmes assemblage que questionam o arquivo, carregados de subjetividade estes trabalhos refletem as minhas inquietações estéticas e éticas.

CINE CONSTELAÇÃO de Luísa Sequeira

Os filmes que foram ativados:

Nascuta, Arret, La Luna, Antígona e Limite.

Luísa Sequeira na Masc Foundation em Viena de Áustria

Esta exposição foi na Masc Foundation em Viena de Áustria com curadoria da Sput&nik the Window Ana Efe e Luix

LIMITE de Luísa Sequeira na Mac Foundation Viena de Áustria

Documentário, O Que Podem as Palavras venceu o prémio do Público no Doclisboa 2022

Documentário “O Que Podem as Palavras”

“O Que Podem as Palavras” de Luísa Sequeira e Luísa Marinho venceu o prémio do público no Doclisboa, o prémio do público é muito especial… Como disse na cerimónia, recebemos este prémio com um misto de alegria e angústia… Mais de 10 anos para realizar este filme, não por falta de dedicação ou entrega mas por falta de apoios. Ao longo deste tempo, perdemos a Maria Velho da Costa, a Maria Isabel Barreno e a querida amiga Ana Luísa Amaral, a sonhadora e mentora deste filme…

Cartaz do filme O Que Podem as Palavras

Cinco décadas depois da edição de Novas Cartas Portuguesas, a história deste livro continua hoje pertinente e deve ser revisitada para que futuras gerações conheçam as mulheres que o escreveram. Mulheres que enfrentaram uma sociedade patriarcal através da literatura e do poder da palavra. Mulheres que foram levadas a julgamento por escreverem um livro. Que com coragem, determinação e um profundo sentido de companheirismo enfrentaram uma sociedade e um regime político adversos.

A história das “ Três Marias” é também um caso pioneiro de solidariedade internacional.  Evocando um dos slogans da época, “All Women Are Maria”, de Paris a Nova Iorque, centenas de mulheres saíram à rua para demonstrar o seu apoio às mulheres portuguesas.

Num tempo em que  algumas democracias apresentam fragilidades e voltam a presenciar tentativas de controlo das liberdades, apresentamos esta história e as suas protagonistas, por serem um exemplo de resistência para todos os tempos de opressão.

Five decades after the publication of the New Portuguese Letters, the story of this book remains pertinent and must be revisited so that generations to come may become acquainted with the women who wrote it. Women who stood against a patriarchal society with literature and the power of words. Women who were tried for writing a book. Whose courage, resolve and deep sense of sisterhood helped them face a hostile society and political regime.
The story of the Three Marias is also a pioneer case of international solidarity. Evoking one of the slogans of the time, “All Women Are Maria”, from Paris to New York, hundreds of women took the streets to show their support to all Portuguese women.
In a time when some democracies show signs of fragility and when one sees, once again, attempts to control one’s liberties, we show this story and their protagonists, for they are an example of resistance in times of repression, whenever they may be.