CRISES INFINITAS por Sama e Luísa Sequeira

CRISES INFINITAS por Sama e Luísa Sequeira na galeria Sput&nik

Nos anos 80 os criadores Marv Wolfman e George Perez abraçaram a hercúlea missão de organizar o elenco e a cronologia da editora americana, Detective Comics. Crisis on Infinite Earths era o título da saga em BD, que tinha como objectivo organizar as linhas narrativas, além de estabelecer novas origens para os personagens da editora, como: Superman, Batman e Wonder Woman entre outros, que existiam em várias versões, em realidades paralelas, compreendendo um multiverso de possibilidades temporais. Numa leitura análoga, podemos identificar algumas similaridades nas crises do capitalismo e seus efeitos… Como por exemplo, sua versão utópica representada nas democracias liberais e suas versões sombrias no terceiro mundo. A explicação para isso, chega-nos através das narrativas dos media, das corporações, dos políticos e até mesmo por parte da comunidade intelectual, que para nos impingir suas interpretações deste fenómeno contemporâneo, que é a condição sine qua non de permanente estado de crise do Capitalismo, criam as mais espetaculares estórias para justificá-la. As análises, quase sempre feitas através de um ponto de vista hegemónico, no qual estamos todos submetidos e integrados, ou como actores, ou como agentes passivos, são nos impostas como hipóteses de soluções para as Crises. Realidades paralelas ocupando o mesmo mundo numa miríade de possibilidades pseudo-utópicas, que sempre nos afastam da questão fundamental, que é o contínuo processo de precarização do trabalho, aprofundamento do abismo social em nome do capital e a progressiva (des)humanização das pessoas, como efeito do impacto Neoliberal na vida de todos e no próprio planeta.

CRISES INFINITAS por Sama e Luísa Sequeira na galeria Sput&nik

Os artistas, Sama e Luísa Sequeira, que já desenvolvem um trabalho no âmbito artístico e experimental em parceria há alguns anos, apresentam no sput&nik, a exposição: CRISES INFINITAS. Um conjunto de peças entre: desenhos, vídeos, objetos e pinturas reunidos com o propósito de fazer-nos reflectir sobre o impacto deste ataque estético hegemónico na periferia do chamado mundo livre e seus reflexos e como nós, meros humanos respondemos contra isso usando o humor, a apropriação e a crítica social através de uma releitura poética do género da ficção científica

CRISES INFINITAS por Sama e Luísa Sequeira na galeria Sput&nik
Sput&nik , rua do Bonjardim, 1340, 4000-123 , Porto, Portugal

Inauguração
25 Maio às 21h30

Patente até 29 Junho

FITEI apresenta na NUNO CENTENO, “A LUZ DA ESTRELA MORTA” de LUÍSA SEQUEIRA. Curadoria: Sama

A LUZ DA ESTRELA MORTA, UMA INSTALAÇÃO CONSTELAÇÃO DE LUÍSA SEQUEIRA ATÉ DIA 25 DE MAIO NA GALERIA NUNO CENTENO

Depois de estrear em salas de festivais de cinema em Lisboa, São Paulo, Rio de janeiro, Roterdão, Estocolmo e outras cidades, a longa metragem, “Quem é Bárbara Virgínia?”, filme sobre a 1ª realizadora portuguesa, que quase fora apagada da história da cinematografia mundial, Luísa Sequeira continua instigada pelo mistério das mulheres eclipsadas da história…

Em “A Luz da Estrela Morta”, Luísa apresenta uma continuidade da sua investigação cinematográfica, que consiste numa instalação constelação, que conta com um filme, “Becomingeness”, o vídeo ensaio “ Discursos Transgressivos”,  que faz um paralelo entre os filmes, “Aldeia dos Rapazes” de Bárbara Virgínia e “Zéro de Conduite” de Jean Vigo, uma série de quadros em pequenos e médios formatos, que mesmo produzidos em técnica mista, detectamos uma predominância do procedimento da colagem, técnica familiar para a artista, que trabalha neste método como uma extensão natural do processo de montagem em filmes. Além de objectos escultóricos dispostos tridimensionalmente na área de projeção dos vídeos.

A LUZ DA ESTRELA MORTA, DE LUÍSA SEQUEIRA ATÉ DIA 25 DE MAIO NA GALERIA NUNO CENTENO

Todo o corpo de trabalho apresentado nesta instalação tem ares de provocação… O olhar é o tema, tanto as variações de composição nas colagens, onde vemos os olhos de Bárbara Virgínia hipnoticamente sequenciados, quanto no nosso próprio olhar enquanto espectadores e testemunhas das revelações expostas por Luísa. Como se diz, “os olhos são o espelho da alma”, nos vemos todos reflectidos nos olhos de Bárbara que agora são apropriações de Luísa.

A série apresenta variações sutis de composição, que são o suficiente para estabelecer leituras de poéticas distintas. A série do “olhar”, sempre com o fundo a negro, como uma máscara de tela cinematográfica, remete-nos aos efeitos visuais analógicos, tão caros aos realizadores surrealistas.

Ainda numa referência surreal, temos a espectadora obliterada, um escultórico de formas femininas, saída de um sonho,(ou pesadelo), a cumprir o mero papel de espectadora, sem possibilidade de ação ou opinião, imobilizada e isolada do mundo ao seu redor por estar envolta em sacos de plástico, a mesma matéria que agride o nosso planeta, estaria esta personagem condenada a uma eterna passividade? Mais uma provocação poética de Luísa.

A maior peça da instalação é uma composição de telas iluminadas dispostas no chão formando uma cruz. Longe de ser um epitáfio para Bárbara Virgínia, testemunhamos aqui outras referências a história do cinema. A ironia da peça consiste no peso da cruz que estas e outras muitas mulheres carregaram, e ainda carregam para serem reconhecidas numa história escrita em grande parte pelos os homens. A provocação da cruz de Luísa apresenta também outros enigmas que vão além das questões de género, há também nestas telas, fragmentos de jornais e revistas, muito de uma memória historicamente recente, como um “frame” do 1º filme produzido, “O Cavalo de Muybridge” além de uma imagem da própria artista, que se coloca como mais um elo desta narrativa universal.

Quanto mais virtuais nos tornamos mais necessidade de materialidade temos. A LUZ DA ESTRELA MORTA é muito mais do que uma variação de suporte para a exploração de um mesmo tema. Há neste projecto de Luísa Sequeira, uma ambição de corporalidade que nos envolve a todos através de uma constelação de vários objetos artísticos.

Sama

Instalação constelação “A Luz da Estrela Morta”

Exposição de Luísa Sequeira na galeria Nuno Centeno.

No âmbito do FITEI Luísa Sequeira apresenta uma instalação constelação partir do recorte da obra de Bárbara Virgínia, “A Luz da Estrela Morta”, resulta do processo criativo de produção e realização de “Quem é Bárbara Virgínia?”, filme que trata a invisibilidade pelo esquecimento. É um resgate de fragmentos por parte de uma outra mulher: 70 anos depois, o que resistiu ao tempo?

De 15 a 25 de Maio na Galeria Nuno Centeno, Rua da Alegria 598, 400-037 Porto

Shortcutz Porto

Shortcutz Porto sessão #242 em parceria com o Festival Feminista do Porto 2019

8 de Maio, 22 horas, Maus Hábitos

Como em anos anteriores o Shortcutz Porto faz uma parceria com o Festival Feminista do Porto e apresentamos uma programação especial com a presença da Regina Guimarães e da Ana Deus.

Ateliers Ângelo de Regina Guimarães Sinopse: Ateliers Ângelo filmam-se os espaços de trabalho do artista logo após a sua morte. A sua ausência é agora uma presença imensa e impossível de representar.

Passarinho de Berlim de Ana Deus Sinopse: Filmar os filhos é normal, mas o que me pareceu especial nestas imagens reencontradas há poucos meses foi a forma como o fizemos. Fomos protagonistas dessa felicidade, era natural, mas foi também aumentada pela câmara, como um espelho/olho que dobra e devolve tudo o que vê.A câmara, assim como o projetor de slides, o ecrã duma tv barata ou uma mesa de vidro eram brinquedos como os outros, ou melhores ainda.Passarinho de Berlim era um personagem que o nosso filho mais velho criara para as suas próprias filmagens. Achei que seria um bom nome, quase como metáfora dessa nossa existência, tão caseira mas tão fora dali.

Vermelho de Márcia Bellotti e Luiza Porto Sinopse: Por meio de uma fusão entre performance, ficção e documentário, este videoarte fala sobre as amarras que constroem à força o universo feminino.”Não se nasce mulher: torna-se…” _Simone de Beauvoir em “O segundo sexo” (Le deuxième sèxe, 1949)

Ashes of the Afternoon (134 mortes) de Márcia Bellotti e Luiza Porto Sinopse:Ashes of the Afternoon (134 mortes) parte de uma visão surrealista para trazer uma crítica política contemporânea sobre a violência que envolve o dia-a-dia das pessoas transexuais no Brasil.