Hoje, no Batalha, centro de cinema no capítulo “A Pedra Ainda Espera Dar Flor” da Seleção Nacional exibiremos o filme “Sofia e a Educação Sexual”, com a presença do realizador Eduardo Geada.

Estreia de Eduardo Geada, filmado em 1973 e proibido antes do 25 de Abril, o filme acompanha Sofia no regresso a casa após anos num colégio suíço. Em Cascais, confronta-se com o mundo burguês, marcado por hipocrisia e decadência.
“Esse primeiro filme, saturado de símbolos e de uma riqueza imensa de subtextos, afirmaria Eduardo Geada como um cineasta verdadeiramente iconoclasta, isto é, aquele que trabalha para destruir as imagens que dominam os imaginários do desejo, da afirmação do poder, dos papéis de género ou da insurreição política. Destruir imagens para que dos seus escombros se possam erguer outras, eis o propósito do cinema de Eduardo Geada. Naturalmente que um filme desta natureza: seria alvo da censura do Estado Novo.” Ricardo Vieira Lisboa in Eduardo Geada — O olhar do desejo, org. Ricardo Vieira Lisboa (Lisboa: Cinemateca Portuguesa, 2025)
Seleção Nacional: A Pedra ainda Espera Dar Flor
Com o intuito de pensar, valorizar e divulgar o património fílmico nacional, o Batalha comissaria um ciclo anual inteiramente dedicado ao cinema português e à sua história, com uma cadência quinzenal às quartas-feiras. Trata-se de um programa abrangente e organizado tematicamente, composto por obras fundamentais para revisitar e recontextualizar as matrizes do nosso cinema. A segunda edição deste programa, pensado por uma equipa convidada, propõe uma seleção de filmes que se debruçará sobre os diversos territórios e transgressões do cinema nacional de diferentes épocas.
Pedindo emprestado o título a um livro de Raúl Brandão, A Pedra ainda Espera Dar Flor, este terceiro capítulo destaca a representação portuguesa da infância, adolescência e início da idade adulta. Como mudam os dilemas e os problemas à medida que vamos adicionando anos e experiência à nossa vida? Como é que, apesar destes obstáculos, persistimos, enraizados na vida?
Neste programa que reúne, entre outros, filmes de Miguel Gomes, Cristèle Alves Meira, Pedro Costa ou Teresa Villaverde, o cinema filma a perda de entes queridos, reorganização e pressão familiares, descoberta sexual, procura da independência e diversão sem freio! Curiosamente, este capítulo revela ainda, em vários casos, os primeiros passos dos cineastas, como quem assiste às “dores” e descobertas do seu crescimento artístico.
Curadoria de Carlos Natálio (professor e crítico de cinema), Joana Gusmão (produtora e programadora) e Luísa Sequeira (cineasta e programadora)
Programa desenvolvido com o apoio da Cinemateca Portuguesa — Museu do Cinema
