Rosas de Maio e Novas Cartas Portuguesas

Carolina Rocha e Mia Tomé em Rosa de Maio. Imagem de Luísa Sequeira

O que pode acontecer quando a artista e investigadora Luísa Sequeira se cruza com “Novas Cartas Portuguesas” – obra escrita por Maria Velho da Costa, Maria Isabel Barreno e Maria Teresa Horta e publicada em 1972 – e decide desdobrá-las em investigação e criação? Aconteceu uma peça híbrida e polissémica, que oscila entre o documental e a performance.

Mas não só. Também acontece aqui um resgate. Mais concretamente o resgate de palavras e ações de mulheres que, ao longo dos tempos, viram os seus discursos censurados e apagados por um regime opressivo e patriarcal. In Jornal Económico 827-10-2022)

Gruta / instalação da peça Rosas de Maio

A autora deste “resgate” é Luísa Sequeira, artista investigadora, realizadora e curadora de cinema, que se partilha por diferentes plataformas: vídeo, filme, fotografia e colagem, explorando as fronteiras entre o digital e o analógico. Nos últimos anos, tem-se dedicado à reconstrução das narrativas femininas na história da arte e do cinema, que foram invisibilizadas pelo poder patriarcal. in Jornal Económico (27-10-2022)

Rosas de Maio imagem de Sama

Rosas de Maio na imprensa

Neste sentido, Rosas de Maio é também uma peça de “ questionamento” dos arquivos que existem, como estão preservados, o que contêm e o que omitem.

“Existem arquivos sem áudio, e isso é uma forma de silenciamento de certos discursos”.

“Através destas e de outras figuras, picam-se vários pontos das discussões feministas: o capitalismo e a feminização da pobreza, as lutas de classe, o ecofeminismo e o conhecimento ancestral veiculado por mulheres, o direito ao aborto, as desigualdades no mercado de trabalho e no acesso à produção artística.” Mariana Duarte in Público

“O espectáculo dá particular atenção ao período do pré e do pós-25 de Abril, conectando-o com a censura a perseguição e a intimidação de que Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta Maria Velho da Costa foram alvo, mas também a forma intensa e surpreendente como a luta das “ Três Marias” irradiou lá fora, de França aos Estados Unidos” Mariana Duarte / Público sobre Rosas de Maio de Luísa Sequeira

Luísa Sequeira, imagem Rui Oliveira

“nos últimos anos tem-se focado essencialmente na reconstrução poética das narrativas femininas na história da arte e do cinema invisibilizadas pelo poder patriarcal, as fronteiras entre o digital e o analógico.

transitando entre o vídeo, o filme, a fotografia e a colagem e explorando as fronteiras entre o analógico e o digital”

“De Rosa Luxemburgo, filósofa e economista marxista polaco-alemã, que setornou mundialmente conhecida pela militância revolucionária ligada à Social Democracia da Polónia, a duas mulheres portuguesas presas em Peniche durante a Revolta do Milho, em 1942, são várias as figuras que se tornam protagonistas em palco, pelo corpo de Luísa Sequeira, Carolina Rocha e Mia Tomé. “Na peça reativo diferentes arquivos que estavam na minha cabeça há muito tempo e que agora coloquei em movimento. Interessa-me muito o estado do arquivo, a forma como ele foi cuidado ou preservado ou simplesmente não existe.” Marina Martinho / Observador

Rosas de Maio

Durante 3 dias esteve em cena a peça, Rosas de Maio no Teatro Rivoli. Uma peça instalação 

híbrida na fronteira do teatro e do cinema expandido, uma peça constelação onde é reativado vários fragmentos e arquivos visuais criando hiperconexões entre eles.

Rosas de Maio é um desdobramento de um processo de investigação artística que tenho vindo a desenvolver sobre  Cinema expandido e arquivo. Parte das Novas Cartas Portuguesas, obra seminal escrita por Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta para tecer dramaturgicamente histórias de mulheres que foram silenciadas de diferentes formas pelo sistema opressivo e patriarcal. É uma história sobre bruxas, clausura e a censura de determinados discursos, mas também é uma história de resistência de pensamento e sobre sororidade, sobre lutas feministas.

Luísa Sequeira nos ensaios de Rosa de Maio. foto © josé Caldeira

Luísa Sequeira nos ensaios de Rosa de Maio. foto © josé Caldeira

Tudo isto só foi possível com uma equipa generosa, obrigada ao TEP e ao Gonçalo Amorim pelo convite para escrever e encenar Rosas de Maio.

Foi um processo intenso e gratificante que só foi possível com esta equipa maravilhosa:

Atrizes Carolina Rocha e  Mia Tomé e cenografia e figurinos Catarina Barros

apoio à direção Gonçalo Amorim a Sonoplastia da  Lea Taragona, vídeo de  Luísa Sequeira, desenhos, vídeo mapping da Bianca Turner,  direção de produção Patrícia Gonçalves,

assistente de produção João Vaz Cunha, assistência de cenografia e figurinos Inês Vilas Boas

assessoria de comunicação e imprensa Bruno Moreira, redes sociais Inês Vilas Boas

desenho de luz Nuno Meira, operação do desenho de luz José Alves, Coprodução Teatro Municipal do Porto. 

Agradecimentos:  Ana Luísa Amaral, Marinela Freitas, Maria Teresa Horta, Maria, Isabel Barreno, Maria Velho da Costa, Adelino Gomes, Gilda Grillo, Teresa Leal, Joana Alves, Ana Almeida, Luísa Marinho, Carlos Almeida, Tânia Dinis, António Júlio, Marco Oliveira. Museu do Aljube, Anjos Urbanos.